Joaninha Duarte

17ª edição das Palavras Andarilhas

31 de agosto| 18h00 | Canteiro junto ao Jardim Infantil
Pais e filhos

Talêgo tira-estórias
Joaninha Duarte (PT)

01 de setembro | 16h00 | Auditório do Coreto
Conferência
Tradição oral, memória e modernidade
Ana Sofia Paiva (PT), Joaninha Duarte (PT) e Pep Bruno (SP)
Moderação: Luís Miguel Ricardo (PT)


Nota Biográfica

A mesa está posta. Sirvo-vos um tempo em que havia mondadeiras, carvoeiros, ceifeiras, corticeiros e até alguns malteses. Vem-me à memória mais uns tantos: taberneiros, costureiras, feitores, bordadeiras, almocreves e até os que andavam ao povoléu. Sou um bocadinho de cada um. Toda “arretalhada” como as azeitonas. Só uma esgalhinha de uva miúda me conforta. É o vagar desse tempo de que sou feita. Sou o cocho de todas as fontes, onde o meu pai parava e saciava a sua sede. Sou a cantarinha da minha avó Ludovina para me livrar da água mole. Sou a dobra de cambraia do colo da minha mãe. Sou o caldo com unto, bem quentinho, servido no tarro do meu avô Pina. Sou a torcida da candeia a petróleo, curta e de chama fraca, capaz de alumiar as estórias que trago no peito, contadas pela Ti Tóda. Sou a perna manca da mesa, enfeitada com o naperon de renda e linho. Sou do canto do lume. Torno vezes sem conta a esse tempo. Sentada no mocho. Abro a gaveta da navalhinha, da pega de croché, da caixa de fósforos… e as estórias ali guardadas são (re)partidas e chegadas, da palavra numinosa: Éstoria!